quarta-feira, janeiro 18

O amor da vida

Vivemos num mundo onde ultrapassar o caos das relações afetivas é quase sempre um plano meio utópico, "invencível". Não enquadrar-se no perfil frio, fútil, do lema da quantidade (quanto mais, melhor) é estar fora do "normal", do padrão de parceiro que foi estereotipado sem os elementos que outrora eram extremamente necessários para construir uma relação: companheirismo, amor, lealdade, fidelidade, tolerância, flexibilidade, respeito.

Sou fruto dos anos oitenta, e embora as coisas já não fossem como no tempo dos meus avôs, ainda pude sonhar e desenhar nos papeis em branco da escola, a família que desde então desejei pra mim.

Não apenas almejei, mas sempre escrevi e entendi que o amor é um dos principais combustíveis que nos leva a ser uma pessoa do bem, ele ajuda a ser e a ter um pouco mais de paciência, principalmente, a apaziguar as dores, os sustos e a firmar princípios que nos norteiam pelo resto da vida.

Não tem outra, quando se tem amor, seja ele o tanto que for, a gente não se desvincula nem tão cedo do encantamento, do romantismo, do ideário do “conto de fadas” que é suspenso quando colocamos os pés no chão e aceitamos as pessoas como elas são.

Arrancaram a pulso o direito de acreditarmos em príncipes, princesas, castelos, sorrisos, felicidade, amor, porque a vida tornou-se dura demais, e, sendo assim, desejar e sonhar com uma história de amor com final feliz tornou-se alienação. Creio que ao pensar em conto de fadas, todos imaginam a perfeição, o encaixe perfeito que não te gera outra coisa que não seja a plenitude de uma realização.

Hoje, depois que a maturidade nos chega, não entendo mais assim. Os castelos transformaram-se em construções verticais, alguns parecem uma caixinha de fósforo, outros verdadeiros palácios suspensos, onde se abriga cada vez mais pessoas que mesmo um dia tendo sonhado com algum conto, hoje se depara com a realidade. Estes possuem coragem de construir passo a passo a preciosidade e a raridade de uma família que se une pela vontade de superar as dificuldades, e de mais à frente poder mostrar aos filhos como a vida não foi fácil, e mesmo que em algum momento tivessem enfraquecidos, juntos, tendo um ao outro conseguiram ultrapassar.
O melhor conto de amor da contemporaneidade é a tolerância, a flexibilidade que as pessoas aprendem a ter para construir uma família. Não é preciso apenas coragem, mas disposição para aprender a aceitar o outro da maneira que ele é, até mesmo em dias de caverna interior, pois somente dessa forma, somos capazes de descobrir os limites.

Continuo a acreditar que viver uma história de amor é não desistir fácil, é ter como exercício a lição de conquistar e ser melhor a cada dia, àquele que você escolheu para conviver e viver ao seu lado.

Vejo o amor dos meus avôs que completaram cinqüenta anos de casados, de alguns dos meus tios que se encaminham para isto, e não consigo visualizar perfeição, mas pessoas que se dispuseram a obedecer não somente aos seus parceiros, mas a escolha que fizeram, sem entender isto como submissão.

Viver a vida ao lado, seja em par ou coletivamente não é uma lição fácil. Temos que aprender a nos darmos com as falhas. Infelizmente fomos doutrinados a não aceitar o lado ruim das coisas com paciência e esforço, para a conveniência é muito melhor o que nos corresponde, excluindo sem paciência o que não nos convém.

Se tudo anda a correr certo demais, atentamos que há algo errado e o medo se instala se moldando de insegurança. Estamos catequizados de que é preciso não estar bem para estar tudo normal, e não é assim que as coisas devem acontecer.

Nos últimos tempos, joguei toda a minha descrença para acreditar no amor que vivo e aposto todos os dias. A humanidade dos gestos, a hora exata dos encontros, e os sorrisos da alma ressignificam meus espaços vazios.

Viver e acreditar no amor da minha vida também é exercício constante. Tento, muitas vezes, traduzir o que eu sinto, mas não consigo. As palavras que tanto me fazem bem se perdem entre sentimentos e não conseguem dar conta do que me rodeia quando estou ou não (fisicamente) ao lado dele. É mágico, é feliz, é pleno.

Dividir os meus sonhos me faz ter a segurança de um futuro melhor. Com este mundo torto, o que nos resta nessa vida é nos agarrarmos na certeza de termos alguém com quem a gente possa ter a leveza de ser o que é, a segurança de poder partilhar, ajudar e dividir o tempo que nos foi dado na terra.

Felicidade é pedra rara, preciosa, quando a encontramos não há dinheiro no mundo que pague. Por isto, todos os dias, tento polir com muito amor, a pedra preciosa que ganhei a fim de que ela possa permanecer ao meu lado, sem que a gente esqueça que são nas nossas fragilidades que precisaremos ainda mais um do outro. O perdão terá de fazer parte das nossas orações, como um mantra que nos une todas as vezes que chegarmos a pensar em desistir.

Ele ( assim como acreditamos) não é apenas o amor da minha vida, mas o amor da vida, aquela que foi me dada de presente, e eu desde o dia que te entreguei meu coração, decidi dividir sem medo!



8 comentários:

  1. A beleza das suas palavras se confundem com a sua própria beleza. Parabéns bela Luana!

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  2. Você tem um coração nobre,Lua... Parabéns pelo texto e pela escolha do caminho do amor. Beijo! Te amo, amiga linda.

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  3. Marcelo, beleza é o que a gente vive diariamente...

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  4. Rita, obrigada... Espero a atualização do teu blog.

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  5. Danuza, minha Dan... Nossos corações se corresponde nessa bondade. Te amo, amiga!

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  6. Luana, é tão bom encontrar textos que descrevem o que pensamos. Você descreveu o que é o amor pra mim, e eu concordo com cada palavrinha.

    Feliz por ter conhecido seu blog.
    Beijos!

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