quinta-feira, julho 9

Fora de mim!!!

Digo que não te quero, mas ao acordar você já levanta comigo, nos meus pensamentos, na memória mais recente e seletiva das melhores cenas do nosso filme.

Espanto a tua presença e tento difamar para mim mesma a tua imagem. O fantasma perverso do amor que não entra em out nem pelo meu decreto.

Pois é, a redação foi clara, assim como a minha constituição, regras e deveres de lei.

Declarei em todos os artigos que não pertenço mais a você. A vida é bacana, mas essa insistência de querer com que você ainda more no meu coração já não tem mais nem pé, quanto mais cabeça?! Sendo assim, ausência de equilíbrio, logicamente o meu, porque o seu continua na ponta do pé, mirando os meus passos com o teu olhar 43 que ainda por cima sorri e me confirma saudade.

E o pior é que tens razão. Sei que você não serve mais pra mim, nem cabe mais no porta-retrato da cabeceira, a foto apesar de sozinha, soa bem mais feliz do que aquela em que servia de ilustração para o nosso romance. A história era uma louca encruzilhada que me atordoava o juízo por todos os desgostos que você me causou.

Que brincadeira é esta comigo? Tenho o tino de meu cotidiano bastante perverso para além das manhãs, você querer assolar meus dias, e ainda meus sonhos?!

Faça-me este favor, me largue também do abstrato. Seja perverso como você sempre foi, sem pensar em mim, sem me querer em primeiro plano na tua assombrosa mesquinharia de ser feliz.

Ausente-se dos fundos de minhas convicções, pare de me persuadir com as suas juras, promessas de mudanças, razões que não convém mais ao nosso caso, não largue ela, apenas me largue.

Deixe-me muda, distante, convencida de que o nosso dilema foi só mais um lema, um caso sem sentido, um complexo instintivo de bravura que só ao meu próprio desamor cabe entender.

Preciso de candura, das minhas doces vontades de amortecer meu órgão mais pulsante com a incandescente certeza dos meus sonhos, sem você.

Agora me deixe dormir, e que minha reza chegue ao teu coração antes do teu primeiro porre, quem sabe assim, pelo menos hoje, você não queira dormir pensando em mim, nem me acordar pensando em você...

24 comentários:

  1. Oi. Como você está? Faz tanto tempo. Bonito texto, também um pouco triste. Um corte da voz entre o adeus e as lágrimas. Talvez um som baixo, cortado pelo silêncio, e o vento. As vezes é preciso que vá.

    Abraço,
    R.Vinicius

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  2. Mell Dells, lindo apesar da tristeza!
    Adoooro tudo que você escreve :*

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  3. Luana o que é isso? Que desejo profundo e intenso que retrata em seu texto, que inquietude pelas lembranças, pelos pensamentos que continuam a lhe rondar, mas o que nós podemos fazer diante do amor.... nada, ele nos ataca profundamente e nos fazer pensar e pensar e pensar e nada mais.
    Bj!
    Anda sumida do meu blog o que houve?

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  4. Luana;

    Só o tempo para com o esquecimento, suavizar lembranças e sentimentos.

    Beijos mil!!!

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  5. Passando para sorver e saborear
    Cada letra, palavra, frase, poema ou poesia…
    Para ler e ver, este jeito e modo de vida,
    O do universo das palavras!
    Pensamentos que aludo!
    Porque ler, sentir e sonhar
    Para muitos… pode dizer nada!
    Para outros… o nada pode dizer tudo!

    Um fim-de-semana
    Cheio de momentos e palavras
    De amor e alegria!

    -MANZAS-

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  6. ...ei, que belo, heim!?

    O que fazer se ele está lá, sempre lá! A trilha do blog está ótima; e vc deveria colocar a sua foto como um banner. Um banner para ser divulgado nos blogs alheios. Ficou linda!

    beijo

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  7. Oi, Luana! Muito obrigada pela sua visita! Também gostei do seu blog, já está nos meus favoritos. Vou voltar sempre.
    Beijão e boa semana!

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  8. Seu texto é criativo, inteligente e tocante. Você escreve como se usasse o coração e põe todo seu sentimento com naturalidade. Ficou muito belo e fascinante.

    Poético abraço(conheça também meu outro blog:
    http://gilbamar-poesiasecronicas.blogspot.com/ )

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  9. Oi, Luana!
    Que surpresa boa receber a tua visita!
    Sobre o livro, continuo encantada com ele. Aliás, muito dele fala também de um sentimento assim como neste seu texto, que é lindo demais, intenso!
    Gostei muito daqui e entendo esse sentimento que chega sem pedir licença, essa saudade que invade logo pela manhã.
    Para esses pensamentos, acho que só o 'tempo rei' faz curar!
    Grande beijo!

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  10. O enredo redactorial...assume-se triste, mas não ofusca a beleza do texto, muito bem delineado.

    Parabéns

    Beijo.

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  11. Luana, obrigado pela visite e breve palavras.

    Sobre esquecer, deletar... Isso não existe. Por mais que a gente tente insistentemente, mais e mais o outro fica. O jeito é distrair os pensamentos. Pensar outras lembranças e assim essas lembranças desse alguém vão ficando guardadas. Um dia elas deixam de abalar nossas estruturas, e quando isso acontece é sinal de superação!
    Dizem que tudo que nos faz sorrir um dia nos fará chorar e vice e versa! É uma grande verdade isso. E quando lembrar, lembre sempre as coisas boas, essas são as mais valiosas e que ninguém pode nos tirar, nunca!

    Li apenas esse texto seu, mas passei os olhos rapidamente nos outros... Uma curiosidade: "como chegou até meu blog?"

    Grande abraço,
    Edu.

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  12. Este comentário foi removido pelo autor.

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  13. Amiguinha doce e simpática:
    Oh, quando desencanto e tristeza "mora" em si, sem o merecer.
    Vá. Eu sei que as brilhantes e geniais escritoras são assim, mas um pouco mais de alento de si e, POR FAVOR seja feliz. A vida é uma eterna aventura. Ganhe forças e vá à luta.
    É tão linda e tão pura.
    Tem dotes maravilhosos: a ternura, o carinho, a meiguice de um Anjo muito belo.
    Se ele a merecer aparece - Fala o instinto masculino. Acredite na existência, ela foi feita para sermos felizes, alegres, de bem connosco e repletos de bem-estar...?
    Que lindo é isto tudo aqui.
    Sublime perante a sua beleza de pureza e encanto.
    VOCÊ fascina, delicia e deslumbra.
    Beijinhos de majestoso respeito e sincera estima.
    Sempre a admirá-la e a considerá-la.


    pena

    Bem-Haja, amiguinha linda.
    Agradeço a visita e a sua amizade de sonho.


    Linda...

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  14. Profundo, intenso e sincero.

    Só posso te dizer com toda certeza...Vai passar.

    Beijos lu e espero compartilhar com vc boas gargalhadas um presente proximo.

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  15. Muito grata pela visita!
    Espero que volte mais e mais.
    Ótima semana pra vc.
    Paz. :)

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  16. Luana, o seu texto é uma conversa contigo mesmo, imagino não ser fácil transformar as palavras em ações, pois se escreveu é porque ainda existe uma borboleta em seu estomago, querendo sair...querendo conhecer o mundo aqui fora, mas só depende de você...experimenta...
    Um grande abraço na alma...obrigado pelas palavras lá no verseiro...muito bonito seu blog

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  17. Luana,

    Que blog mais lindo e aconchegante. Suas palavras são fortes e bastante sentidas. Adorei seu espaço.

    Espero não perder contato, viu?

    Beijo grande, menina linda.

    Rebeca

    -

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  18. Me apaixonei por esse blog (: Você escreve com os sentimentos a flor da pele, o que deixa teus texos maravihosos! Sempre que der voltarei.
    Beeijo :*

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  19. Obrigada pela visita
    ao doce de lira, Luana!

    Li seu texto
    e fiquei com o seguinte trecho:
    "nem cabe mais no porta-retrato da cabeceira".

    Que bela maneira
    de dizer que alguém definitivamente
    não há de permanecer em sua vida...

    Um beijo.

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  20. Retribuindo visita e comentário.

    Ótimo texto sobre sentimentos, lembranças que nos fazer pensar.

    Beijos

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  21. Porque estava a água tão azul ?

    Abriu os braços e deixou-se ir. O fundo do oceano chamava-a, num murmúrio silencioso que mais ninguém, para além dela própria, ouvia. Talvez fosse só o rebentar das ondas nos recifes de coral, à superfície; ou o rolar das conchas no fundo de areia, empurradas pela corrente. Ou talvez não fosse nada.
    Um silêncio imenso, azul, tomou-lhe o corpo, enquanto se afundava devagar, contemplando a superfície luminosa das águas a afastar-se, cada vez mais distante, mais distante...
    Era uma forma de partir, tal como outra qualquer.
    Era uma forma de desistir, de renunciar ao sofrimento, de dizer basta à doença, de aceitar... que nem sempre se pode vencer.
    Soltou as últimas bolhas de ar que ainda conservava consigo e ficou a vê-las subir, rumo à superfície... enquanto ela se afundava mais e mais, para uma água cada vez mais azul, rumo à escuridão.
    O médico dissera-lhe: mais seis meses... talvez um ano, se tiver sorte...
    Não era justo.
    Tanta coisa ainda por fazer... tantos projectos inacabados... tantos sonhos por cumprir... e uma doença, seis meses de vida, talvez um ano? Se tivesse sorte?
    Não era justo.
    Mas a vida não tinha que ser forçosamente justa, pensou. Sentira as primeiras dores no mês anterior, e depressa compreendeu o que a esperava, nos tempos seguintes.
    As dores repetiram-se, aumentaram de intensidade. O médico também a avisara disso. O próximo passo seria a cirurgia, a amputação, e depois... nem ela sabia o que seria o depois.
    A falta de ar apertou-lhe o peito.
    À sua volta, um bando de peixes coloridos parecia intrigado, pela presença daquele corpo inerte, afundando-se vagarosamente no oceano.
    A vista turvou-se, misturando formas e cores numa aguarela confusa.
    Deixou-se ir.


    Algo a tocou. Abriu os olhos.
    O que era aquilo?
    Uma tartaruga? Nunca estivera assim tão perto de uma...
    Passou-lhe a mão pela carapaça, lisa e escorregadia. Ela devolveu-lhe o gesto, debicando-lhe o braço frio. Só então reparou, quando a viu afastar-se.
    O pobre animal já sofrera no corpo a investida de algum caçador, faltava-lhe um dos membros inferiores. Nadava desajeitada, em sucessivas curvas, mais devagar do que seria normal... mas mesmo assim, sobrevivera, e ainda continuava viva, nadando...
    Ficou a vê-la afastar-se, rodeada por um séquito de pequenos peixes, como se de uma autêntica corte se tratasse.

    Contemplou novamente a superfície esbranquiçada das águas, cada vez mais longínqua.
    Valeria a pena?

    Não sabia.
    Sabia simplesmente que... tinha que tentar.
    Abriu os braços e apontou à superfície. Podia já não ter ar suficiente... mas valia a pena tentar...

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  22. POr vezes somos traídos por nossa própria lucidez, uma vez que não conseguimos fazer com que ela ilumine nosso rumo em busca da paz que fazemos todos por merecer. Mas, por força da sensibilidade conseguimos sempre encontrar no instante certo o dizer que então irá nos dar direção sensata para que alcancemos aquilo que de fato pretendemos.
    Cadinho RoCo

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  23. Adorei tuas palavras! Não achei triste, só lindo mesmo! Parabéns, virei seguidor! Parabéns e um abraço!

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