segunda-feira, março 9

Ainda estou aqui.

Sutilmente a sensibilidade que lhe devorava por dentro tomou equilíbrio e aquietou-se pelo caminho ao lado. O foco completamente embaçado deixava para traz o conteúdo pragmático que lhe levava pra ser menos exata, mais voraz e temerosa nas escolhas. Quem dera, se todo equilíbrio que ela buscasse encontrasse um pouco de simetria entre seus planos e a realidade. Não sei até que ponto o arbusto toma conta e deixa o pensamento vagar pelas paisagens, sem que volte a estar naquele mesmo lugar de antes. Mas é o encaixe que lhe é cabível, coisas de personalidades fortes, embora haja dias de humores inconstantes, devorados por sensações irremediáveis naquele momento. E tudo passa. A questão novamente aparece no cotidiano ainda aberto, inviolado pela propensa vontade que permite se estender um pouco de onde se podia ir. Impulso, que atirem a primeira pedra quem não age por ele pelo menos uma vez na vida e não se arrependa depois. Ele compõe as vontades e depois arrebenta as entranhas, e lhe deixa sujeita aos seus pré-julgamentos. Não é pecado sentir-se vulnerável ao outro por mais falhas que existam em algumas de suas atitudes. É do humano agir assim, ainda que te seja nocivo quebrar a cara e voltar. Voltar para onde não deveria ter saído, de dentro de você. Fora de mim, e dentro da minha sensibilidade, sinto a pupila dilatada, os membros superiores firmados, mas as pernas bambas, a garganta travada com choro compulsivo que não irá sair até que der a primeira palavra. Estive só por lá, e sempre estive quando achava que todos poderiam me dar a mão e não me deixar de fora novamente, porque não entendo até onde as pessoas possam conseguir usar do seu egocentrismo e não enxergar o outro, e não lhe ser recíproco no que é ofertado, mesmo que não haja intenção de trocas. Dou de mim mais do que posso, cobro de mim mais do que devo, e deve ser por isso que às vezes espero das pessoas um pouco de atenção. Acredito na generosidade, no bom coração mesmo sem conhecê-las de fato. Se deixar de ser assim, levarei embora uma grande parte de mim, e o que trarei em troca? Dizem que com o tempo as pessoas aprendem, mas lições tomadas só são aprendidas quando ensinadas, decorá-las dá trabalho, o automático não envaidece, nem se torna atrativo para que se lembre tão fácil, somente as fórmulas do que é exato fica gravado por muito tempo, e olhe lá. Mas as lições da vida são assim, aprende-se no sufoco, no calor da troca, das decepções sofridas e do caminho trôpego, que só realmente ensina pelas inúmeras quedas. Quantas juras já foram feitas e não cumpridas. Muitas, já nem dou conta do quanto de mim já foi devorado quando disse “nunca mais o farei”. E mesmo que a tristeza insista em apertar o coração e mostrar que há algo de errado por aqui, eu ando vagando pelo outro em sua forma e espaço, preocupo e ignoro erroneamente o racional que me move, mas não leva nenhum pouco do que há por aqui. Se for aceito nessa vida ser um pouco do que somos, em essência e plenitude do que nos compensa, mesmo com todo desengano, admito para quem quer que seja que ainda sou a mesma, sem qualquer mudança de anos atrás, com alguns acréscimos para o silêncio que se tornou um dos meus melhores amigos em muitos momentos, embora, um ser falante como eu não deseja por muito tempo está preso às suas lacunas, pois quando o coração palpita é necessário que as palavras permeei os espaços e não voltem nunca mais para onde saíram, dentro, bem dentro de mim.

14 comentários:

  1. Seus textos hoje estão carregados de sentimentalismo, viu? Bonitos. os li. Sempre os devoro.

    Bjos com ternura menina linda.

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  2. cada dia mais delicada com as palavras... :)

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  3. Mocinha...

    Está tão introspectiva ultimamente.

    Sim, sim, erramos, falamos que aprendemos, que não vamos mais fazer isso e aquilo... e quando percebemos, estamos ali, no mesmo lugar. Liga não, é coisa de gente ;-))

    Beijos.

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  4. Quando precisar (ou quiser) bater papo, me procura no MSN ...
    flavio.ferrari1@hotmail.com.
    Beijo

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  5. Quanto mais a gente so cobra, mais de espera das pessoas... E sobre os erros, não sei porque a lição fi gravada ela metade.. onde estã as soluções, mesmo?
    Bom, por ultimo, não prenda sua voz... quanto mais se prende, mais dói pra sair!
    =**

    ;D

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  6. Acho que estou em um mesmo momento que você. Já parei de mudar, de me transformar, agora só adiciono. Será que quando começamos a ficar velhos?Rs!
    E lindas palavras o que você disse sobre o caso da Kim Petras. A alma, com certeza, é de mulher.
    Obrigada pela visita e volte sempre!;) Vou te linkar também.

    Beijos

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  7. Delicada e tocante. Parabéns. :)

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  8. lu!!! voltei!!

    mais poética do que nunca, hein??!

    bjo no coração!!

    :t

    ps: segredo!!

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  9. Lu não prenda sua voz nunca... pq doi muito mais se guardá-la. Mas temos que ter cuidado não o que falamos, mas como falamos.

    =* gata!

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  10. Suas palavras nunca discordam do que eu penso.. Mais uma vez, adorei seu trabalho aqui Lua :)
    Baci.

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  11. Sabe Luana sinto que nesse mundo ser um pouco de nós mesmo, não é bom, preferem a mascara e verdade. E por mais que doa, devemos ser nos mesmos sempre.
    Seu texto é muito bom, faz refletir!

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  12. "embora haja dias de humores inconstantes, devorados por sensações irremediáveis naquele momento. E tudo passa."

    Bem isso q estou passando...vc eh demais, Lu :***

    Bjkas

    Dani

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  13. É o segundo post que leio seu.
    E não me enganei no que disse no primeiro comentário.
    Este texto é uma excelente reflexão.
    "Acredito na generosidade, no bom coração mesmo sem conhecê-las de fato"
    Eu também, ainda que no primeiro olhar seja instintivo e só acredite nalguns... mas já acredito que vc é mesmo generosa e tem um bom coração...
    Beijo.

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Palavras salvas.