terça-feira, abril 18

Tem vida.

Não segura a palavra, nem o sentimento, solta essa loucura que dá vertigem quando a alegria decide dar cambalhotas do lado de dentro da gente. Estamos presos, enclausurados em nós mesmos, nos colocando rédeas para mediar nossas vontades, somos tolos, somos covardes por acharmos que há pretensão em externar a nossa felicidade. Não somos tutores das vontades alheias, somos das nossas.

Estamos sem viço, dominados, incubados numa sociedade que estabelece um julgamento contínuo para tudo e para todos. Onde cor tem valor, onde raça tem caráter e onde sexualidade tem padrão.

Medimos a aparência, mas não a essência, não fazemos com o coração, mas com a razão. Estamos armados com os nossos dedos apontados para o outro, achando que podemos dizer o que é certo ou errado daquilo que a gente sequer viveu, provou da experiência. Não somos donos da verdade, porque a verdade é relativa, é flexível e é daninha, faz qualquer um de nós engolir à seco as certezas. Por falar nisso, quais eram mesmo as que eu tinha? Lembrei!

A certeza de ser feliz, a certeza do final que não é conscientizado para que a nossa vida seja mais leve e plena do hoje, mesmo que o futuro seja um combustível que não deve ser mensurado para realização dos seus planos.

Mas, por favor, chega dessa mania de querer ditar regras que não cabem nessa nossa incapacidade de instituir o que só a vida nos ensina.

Eu quero é ser feliz até nessa tristeza que me apura os fatos, de quebra, eu vou criando coragem, onde o medo não se ausenta, mas me capacita!

Ufa, eu estou viva!

quinta-feira, março 3

Desintoxica

Frequentemente deve-se se eliminar, acrescentar e repensar novas formas. Há pesos que não são os exercícios físicos que eliminam, mas o perdão que alivia. Sabe aquele “deixa pra lá?”; “virar a página”; “rir disso tudo”. Não há nada que deixe o corpo mais pesado do que um coração cheio.
Por vezes, a gente critica tanto, que esquece de olhar para si e, quase sempre, não é o outro que está errado, mas a sua maneira de olhar pra ele e esquecer que você também tem suas fraquezas, os seus deslizes, as suas falhas.
Vejo os discursos das redes sociais serem intercalados entre o veneno e o amor. Como pode um coração tão envenenado (que deseja que as pessoas paguem, sumam, que falam só de inveja, de raiva, de vingança, de que fulana(o) é cobra, de traição) achar que aí dentro, bem dentro, existe mais amor do que no outro?Tantas vezes, a gente precisa mesmo é viver lá fora para se desintoxicar desses meios virtuais que envaidece o ego e nos faz achar que somos donos das verdades que a gente cria.
E já que somos nós que a criamos, só cabe a nós digeri-las, não mais a ninguém. Um dia eu também criei as minhas verdades, e quis em alguns momentos que elas fossem engolidas goela a baixo.
Mas uma coisa a gente aprende, cuspir do veneno que a gente alimenta, não mata o outro, mas a nós mesmos.
Mais função social por aqui, menos, bem menos ataques, farpas e (in)diretas.
Essa não é uma verdade, é uma reflexão sem causa, pra gente tornar a time line mais leve também, já que a vida sempre pede bis.
Antes de pedir que Deus te livre da maldade do outro, que ele também possa te livrar da tua.

sábado, setembro 5

Funilaria da alma.


Quando o corpo já não pede somente ajustes na pintura, mas muito mais reformatações nas peças de dentro. É quando a gente deixa de pensar em caber apenas na roupa, pra caber em si, tomando as rédias do que é apenas seu e dos teus. Seja lá qual for à ordem.
É refazer a desordem interna, minada por síndromes do tempo, da insuficiência de palavras, da fragilidade que a palavra do outro causa nele, não mais em nós. E o que vão pensar? É difícil digerir o “ninguém paga tuas contas”, porque chega uma hora que ninguém paga mesmo, e os acertos serão entre você e você, e, certamente, estas consequências são maiores do que o que pode ser dito de fora pra dentro. Deixa tudo fora, ficamos mais leves. Pior é quando a gente tem que escutar o que vem de dentro, dói mais, judiação interna, escutar a ti mesmo, mas te escuta.
Temos os nossos divisores de água, a potência dos nossos motores, o tipo de combustível que desejamos nos alimentar para conseguirmos caminhar. E, assim, SEJA.
Seja o que você quiser, seja o que você sempre sonhou ser, deixe que os teus planos guiem a tua jornada que é finda, é a certeza, a convicção que carregamos, não é? Das outras, quais é a mais correta? Não há! A vida é breve, e precisamos sentir isto para poder viver o agora, o hoje, o presente, sem "quandos", mas com quantos!
Então pronto, que a gente prossiga, fazendo reparos, saindo de si, mas voltando sempre a caber dentro da gente, porque quando saímos de nós, o bicho pega, e pega mesmo! É, eu estou voltando pra mim.
Luana Bispo.

segunda-feira, agosto 24

Dá pra vê. A ausência causa estrago na ponta do sorriso. Ele trava, e não consegue, por um tempo, ser mais aberto do que aquilo que o coração transmite. É difícil. Ser amigos, agora, não é a hora, é desculpa. Desculpa só pra me ter. Desculpa só pra me vê. Desculpa para nutrir o seu ego em paz, enquanto há guerra em mim, em nós. Os cacos não se transformam mais em cristal. Agora é seguir, o tempo cura, mas não cola, não enrola, nem divide. Vamos ser inteiros, cada qual para o seu lado, mas deixa eu aqui, você por lá. Um dia, a gente tropeça pelo caminho e os sorrisos estarão leves, destravados de novo, no canto da boca que não será mais tua.

segunda-feira, abril 13

Sou a primeira vírgula daquela frase, que não  espera o ponto final para concluir o parágrafo. Me enterneço de reticências, porque me refaço de continuidades. Nunca findo, pois até as tristezas passam, sem precisar que se conclua, apenas se (re)estabeleça. Não sofro mais da síndrome das histórias inacabadas, sou leviana aos casos, porque de acasos a gente vive. E se não esperarmos por novas chegadas, não nos permitiremos, não nos significaremos. A minha identidade também tem crises, porque, o que queria ontem, nem sei mais se hoje existe, nesse mundo louco, deslocado de tudo que a gente diz não acreditar, confessar, mas vive. Entender quem eu sou é difícil até pra mim, quanto mais pra você que, supostamente, acha que me conhece. Dane-se o alicerce da lucidez. Eu quero é a vida transgredida de felicidade.

domingo, março 29


Verbalizei o que sinto. Disse, por não gostar da indigestão que causa o não dito. A minha ansiedade tem pernas, corre mais que eu, acelera as palavras e, as vezes, até se engana. Mas, quem nunca se engana? O que não vale, é se engasgar com as palavras. E mesmo que hoje eu não diga, por dentro, meu olhar te diz tudo, por isto, nessa flexibilidade de pouco dizer com a fala, eu te digo com o olhar, que permite uma interpretação mais ambígua, mas nem tão menos dolorosa do que as fonéticas possam te falar. E, se eu não disser, entenda, já não vale mais ser dito, apenas esquecer e silenciar. 

Luana Ferraz
@cartasdeamornaodoem

domingo, março 22


Ontem, depois de te encontrar, guardei o choro e levei pra casa, engoli todas as palavras que gostaria de ter dito, na verdade, não era de silêncio que eu queria ter feito aquele momento. Você falou tudo que queria e, desajeitadamente, só disse tudo bem e fui. Mas, não estava tudo bem, um coração perplexo estraçalhou-me por dentro, enquanto a razão me replicava todos os "eu sabia que isso ia acontecer"; "não era pra você ter entrado nessa". E eu entrei, entrei com a alma que sonha em encontrar o amor, o amor que deve ser da vida, mas não totalmente do outro. A gente peca assim, se entregando demais aos acasos que parecem casos eternos naqueles infinitos segundos, naquelas infinitas horas, naqueles infinitos meses e anos em que a gente acredita que encontrou o amor da nossa vida e tudo pode ser para sempre. Que droga ter que começar tudo novamente, isso cansa!


@cartasdeamornaodoem

sexta-feira, fevereiro 27





Não encontrei a metade da laranja, nem a tampa da panela. Desisti desse joguinho de encaixe, nem lego, nem quebra-cabeça. Quero uma peça diferente de todas as que encontrei, pode até ser que não tenhamos os mesmos gostos, eu me satisfaço, mas nesse "zilhão" de pessoas, desejo ao menos alguém que não minta, não finja, não fuja. Eu quero verdade, cara lavada e presença. Porque viver de joguinhos nunca me interessou, então chega de lances e deslizes, eu quero o sério, por inteiro, com montanha russa na barriga, mas pés fincados ao chão.

Luana Ferraz
@cartasdeamornaodoem

sexta-feira, fevereiro 6

Eu em mim mesma.

Eu, ciente de mim, esvaziei os meus espaços para não cometer os mesmos erros, nem alimentar as velhas angústias. Eu, despida de mim, revelei os meus fracassos, as minhas inseguranças, destemperanças, fragilidades, sem ter medo da cara dura. Eu, movida por mim, me remontei de alegrias, reciclei as decepções para sorrir de mim mesma, das minhas loucuras. Eu, renovada de mim, sou metade preenchida e a outra a espera das novas experiências. Eu leitura de mim, agora me leio inteira, sem o medo e vergonha de saber quem eu sou.